quinta-feira, novembro 16, 2006

Capítulo 18


O Universo é um Fantasma


Se diz que no céu de Indra existe uma rede de pérolas
dispostas de tal maneira que quando se contempla uma,
todas as demais se vêem refletidas nela.
De igual forma, todo objeto deste mundo
não é somente ele [mesmo],
mas encerra em si a todos os demais objetos,
e está de fato em todos os demais objetos.

Sutra hindu



A solidez dos fundamentos teóricos da ciência mecanicista vem sendo minada desde o começo do século 20. Em 1900 o físico alemão Max Planck, apresentou sua teoria dos quanta (quanta é plural de quantum e se refere à menor quantidade que pode existir independentemente; especialmente uma quantidade discreta de radiação eletromagnética. Ou, esta quantidade de energia vista como uma unidade).
[1]

Alberto Einstein apresentou em 1905 vários artigos que revolucionaram o mundo. No primeiro artigo ele propôs a sua Teoria Especial da Relatividade. No segundo, ele apresentou a equação E = MC2 na qual está contido o conceito de que a matéria é uma forma de energia. O terceiro artigo versou sobre os movimentos brownianos e apresentou o conceito de fótons. Os artigos de Einstein significavam que o espaço e o tempo deixaram de ser absolutos e passaram a ser vistos como relativos. A luz deixou de ser vista como partículas e a velocidade da luz passou a ser o limite da velocidade.

Um pouco depois, os físicos fizeram outras descobertas. Descobriram que as partículas atômicas tinham natureza ondulatória e que as unidades subatômicas são sutilmente abstratas. Isto é têm o poder de apresentar-se aos olhos do observador ora como ondas e ora como partículas. Moral da história: o observador pode influenciar o observado. Como se não fosse suficiente, Werner Heisenberg introduzia o princípio da incerteza no qual é impossível saber com exatidão, ao mesmo tempo, a posição e a velocidade das partículas. Desde então tem havido uma sucessão, em cascata, de descobertas de novos fatos e possibilidades de aplicação dos princípios transformadores do paradigma materialista.

A mais recente destas descobertas veio de Paris, França. Alain Aspect e equipe de físicos nucleares da Universidade de Paris, descobriram que em certas circunstâncias, partículas subatômicas, como os elétrons, são capazes de se comunicarem, entre si, instantaneamente, sem que a distância, entre elas, tenha qualquer influência na comunicação. Não importa se as partículas estão separadas por um metro ou um bilhão de quilômetros. As partículas, em qualquer lugar, parecem saber o que as outras estão fazendo. O elétron de um átomo de carbono na ponta do nariz de uma pessoa qualquer, pode se comunicar instantaneamente com uma partícula do mesmo tipo em qualquer lugar do universo.

Podemos imaginar a velocidade em que uma partícula precisa viajar se a descoberta de Alain Aspect provar ser verdadeira?

Aí reside um ponto importante na discussão dos fundamentos científicos. A teoria de Aspect lançou dúvida sobre o esteio da teoria de Einstein na qual nenhuma comunicação pode viajar acima da velocidade da luz. E há quem diga que dependendo do ponto de vista, a luz pode não ter velocidade nenhuma e tampouco viajar a lugar algum. O que chamamos de velocidade da luz só é real por causa de nossa existência como observadores. O fato de que a luz do sol chegue à terra depois de oito minutos de viagem é uma visão nossa. Talvez, segundo o ponto de vista da luz, ela não se veja viajando para lugar nenhum e tampouco chegando a lugar nenhum.

O conhecido físico da Universidade de Londres, David Bohm, disse que a descoberta de Aspect, “implica que a realidade objetiva não existe e que apesar da aparente solidez do universo, no fundo, ele é um fantasma”. O universo é um holograma gigante esplendidamente detalhado. E o que é um holograma? É muito importante saber a resposta para entender tanto a descoberta de Aspect como o comentário de Bohm.

Dito de maneira simples, um holograma é uma fotografia tridimensional tirada com a ajuda de um raio laser. Para se criar um holograma, o material a ser fotografado deve ser banhado pela luz de um raio laser. O segundo passo é rebater essa primeira luz, com a luz de uma segunda fonte de raio laser. O resultado é o que os cientistas chamam de “padrão de interferência”. A área onde os dois fechos de luz se encontram, é a área que o filme captura. Daí o filme é revelado de acordo com os procedimentos normais.

Quando o filme recém revelado é iluminado por um terceiro fecho de raio laser, a imagem tridimensional do objeto aparece. A olho nu não se vê nada além de linhas escuras e luz borrada. Isto acontece porque o que se vê não é o objeto fotografado mas sim o padrão de interferência operado sobre ele. É como ver uma imagem capturada por uma câmara de televisão fora de foco. A imagem está lá. Mas o que faz a foto-holograma ser especial não é sua tridimensionalidade. O que é importante e revolucionário sobre a foto-holograma é que se alguém pegar essa fotografia e cortá-la ao meio, o resultado não será duas metades da fotografia onde cada metade será uma metade do objeto.

Em vez disso, em cada metade aparecerá a imagem completa. A imagem do todo. Se as metades forem cortadas pela metade, cada parte continuará tendo a imagem completa e assim indefinidamente até chegar-se aos grãos de prata do filme. Resumindo, é daí que vem a afirmação de que “o todo estará em cada parte”. Esta é a natureza do holograma. E esta é a natureza da visão holística do universo, da Terra, da Vida, do corpo.

Bohm acredita que o motivo das partículas subatômicas manterem-se em contato, apesar das grandes distâncias, se deve ao fato de que em algum nível mais profundo da realidade, tais partículas não são entidades individuais. São extensões de um mesmo “algo” fundamental. Para ele, isto faz crer que o universo seja um holograma. Onde tudo é parte de tudo e onde cada partícula contem informação sobre o todo do universo. É como afirmam os hindus: “uma gota do oceano contém todas as propriedades do oceano”.

Ainda nesta linha, o neurofisiologista da Universidade de Stanford (EUA), Karl Pribram, chegou à conclusão de que o cérebro também funciona segundo o modelo do holograma tal qual o universo. Pribram procurava respostas sobre os mecanismos do funcionamento da memória. Nos anos 20, outro cientista estudioso do cérebro, Karl Lashley anunciara que não importa que porção do cérebro de um rato de laboratório ele removesse, não conseguia erradicar a memória do rato em relação à execução de tarefas complexas aprendidas antes da cirurgia.

Inspirado por essas pesquisas e na descoberta do conceito de holograma, Pribram acredita que as memórias não estão codificadas em neurônios ou grupos de neurônios mas sim em padrões de impulsos nervosos. Ele diz: “As descrições matemáticas que fazemos de processos em uma única célula e as ramificações destas células, como elas interagem, nos dá uma descrição similar à descrição de eventos quânticos”.

Ele deduz que “são as interações entre os padrões dos impulsos nervosos que explicam a capacidade de memorização – na ordem de 10 bilhões de bits durante a vida média de uma pessoa”.

Após fazer uma síntese entre o seu modelo holográfico e a teoria de Bohm, Pribram argumenta: “se o aspecto concreto do mundo (o mundo real que vemos) não passa de uma realidade secundária; se o “mundo real” é na realidade um amontoado holográfico de freqüências; se o cérebro é também um holograma que seleciona apenas algumas freqüências deste amontoado, as quais transforma, matematicamente, em percepções sensoriais; então a realidade objetiva não existe ou deixa de existir”.

Se tudo isso for comprovado, a ciência ocidental acaba de descobrir, depois de muitas voltas, a gloriosa Maya, a energia ilusória, a Deusa da Ilusão. Não somos indivíduos concretos, movendo-nos em um mundo concreto. Somos sim receptores flutuantes em um mar caledoscópico de freqüências. A terra que gira em torno de si mesma e ao mesmo tempo corre atrás do Sol é, de alguma maneira, uma ilusão ou sua realidade pode ser outra.

Ou ainda, a Terra que os homens respeitáveis e sérios querem destruir com suas bombas pode não existir tal como eles acreditam. É tudo uma brincadeira de mau gosto mas que terá resultados em níveis ou freqüências que eles não sabem e não podem saber quais são. Em outras palavras, podemos concluir que nós podemos escolher em que acreditar e que sendo assim, poderíamos estar em uma situação muito diferente daquela que temos hoje na nossa “realidade” pessoal, local, nacional, global ou planetária.



[1]The American Heritage® Dictionary of the English Language, Third Edition copyright © 1992 by Houghton Mifflin Company. Electronic version licensed from InfoSoft International, Inc. All rights reserved.

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