Os Métodos de Maya
O Bhagavad Gita, livro sagrado da Índia, conta a conversação entre a manifestação da Suprema personalidade de Deus, Sri Krishna e seu devoto Arjuna, durante a preparação para uma batalha que seria travada em um campo chamado de Kurukshetra. Em certa altura do diálogo em que Krishna ensinava a Arjuna sobre a realidade da vida, o que inclui seu aspecto ilusório, Arjuna pediu a Sri Krishna que se revelasse em toda a sua plenitude, em sua forma universal. Disse Arjuna:
– Se tu crês que sou capaz de ver tua forma cósmica, Ó meu Senhor! Ó amo do poder místico! Então tenha a bondade de mostrar-me esse ilimitado Ser universal [1]
Krishna se mostrou a Arjuna, diz o Bhagavad Gita, depois de dar-lhe olhos espirituais. Ou outros olhos. E ele viu as expansões ilimitadas do universo, e viu infinidade de bocas, de olhos, de visões maravilhosas, um brilho maior que mil sóis e muitas coisas. Viu também todo o povo que estava em Kurkshetra sendo devorado pelas milhares de bocas. No final Arjuna disse;
– Ó Vishnu onipresente! Ao ver-te com tuas múltiplas cores radiantes...tuas bocas abertas e Teus grandes e deslumbrantes olhos, a mente se perturba pelo temor. Sou incapaz de manter minha estabilidade e meu equilíbrio mental. [2]
Essa pequena mostra do relato do Bhagavad Gita sobre a experiência de Arjuna é um símbolo da complexidade e da impossibilidade de se entender ou apreender o universo com nossos sentidos. As muitas bocas e os muitos olhos são símbolos do assombro de Arjuna. É uma das maneiras de reafirmar que se pudéssemos ver a realidade do universo por um segundo, ficaríamos, igual a Arjuna: aterrorizados. Sairíamos correndo, ficaríamos loucos, nos implodiríamos, ou não sobreviveríamos à experiência. Daí podemos entender porque os hindus adoram a deusa da Ilusão ou a energia ilusória que nos protege da detonante realidade em que estamos inseridos no universo.
Graças a Maya acreditamos que vemos, que ouvimos, que cheiramos, que tocamos e que fazemos uma multiplicidade de outras coisas. Mas é só engano. Quando olhamos para a Fonte da Neblina Criativa, para o Monte Shasta, ou para um pássaro lindo, ou ainda para uma mulher ou homem bonitos e dizemos, este lugar, ou este pássaro, ou este homem ou está mulher é muito lindo(a), – o que realmente acontece na nossa cabeça? O que acontece quando olhamos? O que é que chamamos ver?
De maneira muito simples o conjunto de coisas que chamamos de “ver” é o seguinte: Primeiro há a luz. A luz refletida das águas, das pedras, das árvores é focada nas células da retina, localizadas no fundo dos olhos. O contato da luz refletida, com as células da retina faz disparar automaticamente uma avalanche de reações químicas. Essas reações liberam um fluxo de elétrons. Os neurônios ligados às células levam esses impulsos eletro-químicos para o córtex visual no cérebro.
Daí, as informações cruas, frias e terrivelmente escuras, que chegam ao cérebro são processadas matematicamente e integradas. Após todo esse processamento, e por meios que a ciência ainda não compreende, a imagem da Fonte da Neblina Criativa, por exemplo, é formada no seu consciente. Então você se arrepia, chora e diz: Estou vendo. Daí você abraça o seu amado ou sua amada e exclama: que coisa maravilhosa! Só Deus pode criar uma coisa tão bela!
Temos a idéia de que estamos percebendo as “Cataratas” no mundo físico, concreto. Na verdade, estamos somente percebendo uma “imagem” formada no silêncio e na escuridão do cérebro. Na realidade, você acabou de criar as “Cataratas” em seu cérebro. Na sua “mente”. No seu espírito. Aquelas “Cataratas” que você viu são suas. Não são as Cataratas de mais ninguém. Como haveremos de ter certeza de que as “Cataratas” que você vê são as mesmas que a pessoa ao seu lado está vendo?
O mesmo acontece com tudo que vemos, escutamos, ouvimos, tocamos e provamos. Tudo, criado, a partir de dados coletados pelos órgãos sensoriais e levados à nossa fábrica de sonhos particular – o cérebro. Por isso os povos primitivos são sábios ao darem tanto valor ao “sonho”. Ou será a mente que cria? Karl Pribram, mencionado anteriormente sobre o modelo holográfico do cérebro, acredita que a mente não existe – ou que pelo menos, ele como neurocientista, não sabe o que ela seja ou onde possa estar alojada, se é que está alojada em alguma parte.
Isso significa que quer aceitemos ou não, o mundo de nossa experiência não está lá fora. Está dentro de nós. Exatamente como os místicos de todas as tradições têm afirmado quando incentivam práticas como a meditação e a introspecção. Estamos falando de duas realidades. Estamos falando da realidade que experimentamos – a nossa imagem particular e cerebral da realidade versus a “realidade em si”, a realidade subjacente – aquela que jaz sob ou que serve como alicerce para a realidade da imagem que temos.
Em outras palavras, não conhecemos a realidade subjacente das Cataratas do Iguaçu ou do Oceano. Muito menos do planeta. Podemos dizer também que, na hora da verdade, não conhecemos a realidade de ninguém e de nada. Aquela pessoa que amamos, que é nossa companheira ou companheiro – nunca a vimos. É um(a) desconhecido(a). Temos dela a imagem que o cérebro formou graças ao contato eletro-químico original da luz refletida com células da retina. Ou das outras informações que o nariz, a língua, as mãos, a pele, os ouvidos conseguem enviar para o nosso misterioso cérebro.
Olhemos em nossa volta e vejamos todas essas árvores com essas maravilhosas folhas verdes. Qual é a realidade dessas árvores? São várias. A primeira, de todas, é que não são verdes. Parecem verde por causa da luz, de várias freqüências, refletidas nas células da retina. Tudo o que chega à mente são os impulsos eletro-químicos – sem cor nenhuma. Todo aquele verde dos Parques Nacionais Iguaçu/Iguazu; da Amazônia, da Selva de Misiones, da Escócia só existe na “mente”. E “mente” aqui pode não passar, segundo Pribram, de “uma área de interferência de padrões entre corpo, cérebro e ambiente” [3]
Agora que sabemos que a realidade não é tão real como parece, podemos, finalmente, nos preparar para encerrar este livro. Nos resta relembrar a mensagem principal dele: tudo o que existe é sagrado. Isso inclui os oceanos, as montanhas, os rios, os pássaros, o nosso poderoso processador de imagens e informações, sentimentos e pensamentos, este criador de realidades – chamado “cérebro”. Inclui também a toda pessoa que encontramos nas ruas e pelas estradas.
Vimos que não somos observadores estáticos, independentes, solitários, que olhamos para as coisas, lá fora, de maneira neutra. Olhamos e somos olhados. Olhamos para a luz refletida de um objeto e nossos cérebros, traduzem esta luz em imagens em nossas cabeças. Essa imagem é só nossa. É nossa criação. É nossa imagem, com cores, cheiro, texturas, sensações. As Cataratas reais, por trás desta reação, nunca vimos. Nunca veremos, com esses olhos.
Como esta reação eletro-química que está contida no verbo “ver” pode produzir, além de imagens, sensações de amor, paz, tranqüilidade, bem-aventurança, satisfação e alegria? Como o produto final desta reação pode ser a emoção? São mais provas de que você é um criador. É um mistério. Daí, sermos todos místicos. Isto é estamos embabascados pelo mistério. Somos co-criadores. Tudo criação nossa. Então aproveite. Esta é a suprema lição que as Cataratas do Iguaçu, o Monte Shasta, o Lago Titicaca, Uluro Kattjuta, Glastonbury, a Grande Pirâmide, o Monte Kuh e Malek Siah (que a paz chegue sobre ele) o Monte Kailash e todos os Lugares Sagrados de Paz e Poder de todas as religiões nos dão como presente.
Com a lição aprendida com eles, tudo o que temos que fazer, agora, é ir em frente e continuar criando o mundo dentro de nós mesmos pois este é o único que existe. Com a inspiração da Fonte da Neblina Criativa, de Agartha, Avalon, Shambala, Posid, Paititi e de todos os símbolos de grandeza interior saiamos pelo mundo criando os melhores pôr-do-sol, pessoas bonitas e agradáveis, oceanos e montanhas, luas-cheias, parques, amantes, deusas. Criemos o verde, o azul, o amarelo, o vermelho e acabemos com a guerra.
Afinal com quem brigamos? Coloquemos mais cores nos nossos cérebros – quer dizer, no mundo. Recuperemos o Poder da Palavra, do Amor e do Hino ou canto. Participemos na dança cósmica. Recuperemos a consciência da divindade e tragamo-la de volta para o mundo, de hoje.
[1] Bhagavad Gita 11.4 11.5 [2] 11.24[3] Dados da pesquisa de Karl Pribram foram coletados em entrevistas publicadas em várias fontes. Mas devemos muito ao psicólogo e apresentador de TV Jeffrey Mishlove em seu banco de entrevistas no site www.jeffreymishlove.com.
O Bhagavad Gita, livro sagrado da Índia, conta a conversação entre a manifestação da Suprema personalidade de Deus, Sri Krishna e seu devoto Arjuna, durante a preparação para uma batalha que seria travada em um campo chamado de Kurukshetra. Em certa altura do diálogo em que Krishna ensinava a Arjuna sobre a realidade da vida, o que inclui seu aspecto ilusório, Arjuna pediu a Sri Krishna que se revelasse em toda a sua plenitude, em sua forma universal. Disse Arjuna:
– Se tu crês que sou capaz de ver tua forma cósmica, Ó meu Senhor! Ó amo do poder místico! Então tenha a bondade de mostrar-me esse ilimitado Ser universal [1]
Krishna se mostrou a Arjuna, diz o Bhagavad Gita, depois de dar-lhe olhos espirituais. Ou outros olhos. E ele viu as expansões ilimitadas do universo, e viu infinidade de bocas, de olhos, de visões maravilhosas, um brilho maior que mil sóis e muitas coisas. Viu também todo o povo que estava em Kurkshetra sendo devorado pelas milhares de bocas. No final Arjuna disse;
– Ó Vishnu onipresente! Ao ver-te com tuas múltiplas cores radiantes...tuas bocas abertas e Teus grandes e deslumbrantes olhos, a mente se perturba pelo temor. Sou incapaz de manter minha estabilidade e meu equilíbrio mental. [2]
Essa pequena mostra do relato do Bhagavad Gita sobre a experiência de Arjuna é um símbolo da complexidade e da impossibilidade de se entender ou apreender o universo com nossos sentidos. As muitas bocas e os muitos olhos são símbolos do assombro de Arjuna. É uma das maneiras de reafirmar que se pudéssemos ver a realidade do universo por um segundo, ficaríamos, igual a Arjuna: aterrorizados. Sairíamos correndo, ficaríamos loucos, nos implodiríamos, ou não sobreviveríamos à experiência. Daí podemos entender porque os hindus adoram a deusa da Ilusão ou a energia ilusória que nos protege da detonante realidade em que estamos inseridos no universo.
Graças a Maya acreditamos que vemos, que ouvimos, que cheiramos, que tocamos e que fazemos uma multiplicidade de outras coisas. Mas é só engano. Quando olhamos para a Fonte da Neblina Criativa, para o Monte Shasta, ou para um pássaro lindo, ou ainda para uma mulher ou homem bonitos e dizemos, este lugar, ou este pássaro, ou este homem ou está mulher é muito lindo(a), – o que realmente acontece na nossa cabeça? O que acontece quando olhamos? O que é que chamamos ver?
De maneira muito simples o conjunto de coisas que chamamos de “ver” é o seguinte: Primeiro há a luz. A luz refletida das águas, das pedras, das árvores é focada nas células da retina, localizadas no fundo dos olhos. O contato da luz refletida, com as células da retina faz disparar automaticamente uma avalanche de reações químicas. Essas reações liberam um fluxo de elétrons. Os neurônios ligados às células levam esses impulsos eletro-químicos para o córtex visual no cérebro.
Daí, as informações cruas, frias e terrivelmente escuras, que chegam ao cérebro são processadas matematicamente e integradas. Após todo esse processamento, e por meios que a ciência ainda não compreende, a imagem da Fonte da Neblina Criativa, por exemplo, é formada no seu consciente. Então você se arrepia, chora e diz: Estou vendo. Daí você abraça o seu amado ou sua amada e exclama: que coisa maravilhosa! Só Deus pode criar uma coisa tão bela!
Temos a idéia de que estamos percebendo as “Cataratas” no mundo físico, concreto. Na verdade, estamos somente percebendo uma “imagem” formada no silêncio e na escuridão do cérebro. Na realidade, você acabou de criar as “Cataratas” em seu cérebro. Na sua “mente”. No seu espírito. Aquelas “Cataratas” que você viu são suas. Não são as Cataratas de mais ninguém. Como haveremos de ter certeza de que as “Cataratas” que você vê são as mesmas que a pessoa ao seu lado está vendo?
O mesmo acontece com tudo que vemos, escutamos, ouvimos, tocamos e provamos. Tudo, criado, a partir de dados coletados pelos órgãos sensoriais e levados à nossa fábrica de sonhos particular – o cérebro. Por isso os povos primitivos são sábios ao darem tanto valor ao “sonho”. Ou será a mente que cria? Karl Pribram, mencionado anteriormente sobre o modelo holográfico do cérebro, acredita que a mente não existe – ou que pelo menos, ele como neurocientista, não sabe o que ela seja ou onde possa estar alojada, se é que está alojada em alguma parte.
Isso significa que quer aceitemos ou não, o mundo de nossa experiência não está lá fora. Está dentro de nós. Exatamente como os místicos de todas as tradições têm afirmado quando incentivam práticas como a meditação e a introspecção. Estamos falando de duas realidades. Estamos falando da realidade que experimentamos – a nossa imagem particular e cerebral da realidade versus a “realidade em si”, a realidade subjacente – aquela que jaz sob ou que serve como alicerce para a realidade da imagem que temos.
Em outras palavras, não conhecemos a realidade subjacente das Cataratas do Iguaçu ou do Oceano. Muito menos do planeta. Podemos dizer também que, na hora da verdade, não conhecemos a realidade de ninguém e de nada. Aquela pessoa que amamos, que é nossa companheira ou companheiro – nunca a vimos. É um(a) desconhecido(a). Temos dela a imagem que o cérebro formou graças ao contato eletro-químico original da luz refletida com células da retina. Ou das outras informações que o nariz, a língua, as mãos, a pele, os ouvidos conseguem enviar para o nosso misterioso cérebro.
Olhemos em nossa volta e vejamos todas essas árvores com essas maravilhosas folhas verdes. Qual é a realidade dessas árvores? São várias. A primeira, de todas, é que não são verdes. Parecem verde por causa da luz, de várias freqüências, refletidas nas células da retina. Tudo o que chega à mente são os impulsos eletro-químicos – sem cor nenhuma. Todo aquele verde dos Parques Nacionais Iguaçu/Iguazu; da Amazônia, da Selva de Misiones, da Escócia só existe na “mente”. E “mente” aqui pode não passar, segundo Pribram, de “uma área de interferência de padrões entre corpo, cérebro e ambiente” [3]
Agora que sabemos que a realidade não é tão real como parece, podemos, finalmente, nos preparar para encerrar este livro. Nos resta relembrar a mensagem principal dele: tudo o que existe é sagrado. Isso inclui os oceanos, as montanhas, os rios, os pássaros, o nosso poderoso processador de imagens e informações, sentimentos e pensamentos, este criador de realidades – chamado “cérebro”. Inclui também a toda pessoa que encontramos nas ruas e pelas estradas.
Vimos que não somos observadores estáticos, independentes, solitários, que olhamos para as coisas, lá fora, de maneira neutra. Olhamos e somos olhados. Olhamos para a luz refletida de um objeto e nossos cérebros, traduzem esta luz em imagens em nossas cabeças. Essa imagem é só nossa. É nossa criação. É nossa imagem, com cores, cheiro, texturas, sensações. As Cataratas reais, por trás desta reação, nunca vimos. Nunca veremos, com esses olhos.
Como esta reação eletro-química que está contida no verbo “ver” pode produzir, além de imagens, sensações de amor, paz, tranqüilidade, bem-aventurança, satisfação e alegria? Como o produto final desta reação pode ser a emoção? São mais provas de que você é um criador. É um mistério. Daí, sermos todos místicos. Isto é estamos embabascados pelo mistério. Somos co-criadores. Tudo criação nossa. Então aproveite. Esta é a suprema lição que as Cataratas do Iguaçu, o Monte Shasta, o Lago Titicaca, Uluro Kattjuta, Glastonbury, a Grande Pirâmide, o Monte Kuh e Malek Siah (que a paz chegue sobre ele) o Monte Kailash e todos os Lugares Sagrados de Paz e Poder de todas as religiões nos dão como presente.
Com a lição aprendida com eles, tudo o que temos que fazer, agora, é ir em frente e continuar criando o mundo dentro de nós mesmos pois este é o único que existe. Com a inspiração da Fonte da Neblina Criativa, de Agartha, Avalon, Shambala, Posid, Paititi e de todos os símbolos de grandeza interior saiamos pelo mundo criando os melhores pôr-do-sol, pessoas bonitas e agradáveis, oceanos e montanhas, luas-cheias, parques, amantes, deusas. Criemos o verde, o azul, o amarelo, o vermelho e acabemos com a guerra.
Afinal com quem brigamos? Coloquemos mais cores nos nossos cérebros – quer dizer, no mundo. Recuperemos o Poder da Palavra, do Amor e do Hino ou canto. Participemos na dança cósmica. Recuperemos a consciência da divindade e tragamo-la de volta para o mundo, de hoje.
[1] Bhagavad Gita 11.4 11.5 [2] 11.24[3] Dados da pesquisa de Karl Pribram foram coletados em entrevistas publicadas em várias fontes. Mas devemos muito ao psicólogo e apresentador de TV Jeffrey Mishlove em seu banco de entrevistas no site www.jeffreymishlove.com.
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