Uma mensagem para o turismo
O turismo é uma força poderosa no caminho da paz. Quanto mais as pessoas conhecerem outros povos, outros olhares, outras maneiras, melhores serão. Mas, o turismo está submetido aos ditames da economia. O turismo organizado tem, infelizmente, sido um porta-voz ou mensageiro da destruição natural, cultural, ambiental em milhares de comunidades ao redor do mundo. Até o ecoturismo que nasceu da preocupação com a “natureza” e os resultados do turismo para as comunidades locais, já começa a sofrer da mesma doença.
O turismo em lugares sagrados não leva em consideração este fato. Pode não ser a culpa do turista. Mas é dos organizadores. Ultimamente, o turismo chamado ecológico – que pode ser tão superficial quanto a “educação ambiental”, tomou outros rumos. Se vê milhares de turistas consumidores de lugares ecológicos profanando lugares sagrados, escalando montanhas sagradas, mergulhando em cavernas sagradas sem levar em consideração aqueles que sofrem à distância, no silêncio de sua exclusão – o que pensarão os guaranis da exploração sem-espírito das “Cataratas”? Vejamos alguns exemplos que apontam para futuras discussões e mudanças de rumo.
No ano 2000, uma equipe de alpinistas espanhóis pediu permissão a China, para escalar o Monte Kailash, no Tibete. Na justificativa do projeto, os alpinistas disseram que a escalada ajudaria na preservação do meio ambiente do Monte Kailash. Budistas, hindus, jainistas, bön além de esotéricos ocidentais e gente da nova mentalidade, protestaram contra a China. O Dalai Lama, em pessoa, enviou uma carta aos alpinistas do mundo pedindo que respeitassem o Monte Kailash. E disse que uma “idéia vaga e ligeira de uma preservação ecológica” não justificaria profanar uma montanha sagrada para bilhões de pessoas. Organizações de ecoturismo, turismo aventura e alpinistas escutaram o apelo do Dalai Lama. Propuseram um boicote às organizações que insistissem em escalar o Monte Kailash.
Hoje, os sites na internet mantidos por agências de viagem, clubes de alpinismo e pela indústria de equipamentos de alpinismo avisam a seus clientes que o Monte Kailash está fechado para a exploração, na maneira esportiva, por ser considerado um Lugar Sagrado para quatro grandes religiões que envolvem metade da população da terra. O chacra coronário do planeta, está a salvo. Sua sacralidade está respeitada ou em outras palavras reinvidicada, revalidada.
Outro exemplo: um grupo de jornalistas e esportistas acabava de chegar na Austrália. A meta do grupo era escalar o Monte Uluro – um dos sete chacras do Planeta e Lugar Sagrado para os anangas (aborígenes) da Austrália. Depois de passarem um dia fotografando, os “expedicionários” se levantaram de madrugada para fazer a escalada. O repórter escreveu que quando chegou no local, o motorista do ônibus disse ao grupo: “É minha obrigação informar a vocês que os Anangas prefeririam que vocês respeitassem[1] o significado cultural de Ulluro e não o escalassem”. A mensagem caiu como uma bomba mas o motorista continuou, diz a reportagem:
“Quando os Anangas olham para a terra e as formações e as coisas que vivem nela, eles vêem evidência visível de que seres ancestrais ainda existem por aqui”, a partir daí, o motorista-guia, deu um curso de visão de mundo do povo de Ulluro. E o propósito da expedição mudou. Não escalaram a Montanha Sagrada. Mas exploraram toda a área sob a orientação do moto-guia e tiveram encontros com os habitantes locais que apreciaram a deferência.
Há muito que se pode fazer em um Lugar sagrado sem arriscar-se a ofender o espírito do local. Há muito mais oportunidades ao “respeitar”, do que há ao fazer o contrário. O lema da excursão após o esclarecimento do motorista australiano passou a ser: “Viemos, vimos e não vencemos” – mas saíram tão contentes da experiência que escreveram uma grande reportagem contando a experiência. Deixamos-lhe o convite: descubra o mundo com toda a sua diversidade e isso inclui as diversidades de visões.
É responsabilidade das comunidades locais instruir os visitantes sobre a sacralidade local. Pelo contrário, o Lago Titicaca será só um corpo de água – de onde se pode bombear água que é só água, para a matar a sede de gente que é só gente. E as Cataratas serão feitas somente de água que pode ser desviada, manipulada. E o Planeta se reduzirá a um lugar de onde se pode extrair recursos. A vida humana será somente bucha de canhão cujo único propósito divino é o consumo e produção de bens e serviços. Não permitir que o mundo seja reduzido a esta visão única deve ser nossa tarefa como seres inteligentes. Muito amor.
[1] Ver no próximo capítulo o significado da palavra “respeito”.
O turismo é uma força poderosa no caminho da paz. Quanto mais as pessoas conhecerem outros povos, outros olhares, outras maneiras, melhores serão. Mas, o turismo está submetido aos ditames da economia. O turismo organizado tem, infelizmente, sido um porta-voz ou mensageiro da destruição natural, cultural, ambiental em milhares de comunidades ao redor do mundo. Até o ecoturismo que nasceu da preocupação com a “natureza” e os resultados do turismo para as comunidades locais, já começa a sofrer da mesma doença.
O turismo em lugares sagrados não leva em consideração este fato. Pode não ser a culpa do turista. Mas é dos organizadores. Ultimamente, o turismo chamado ecológico – que pode ser tão superficial quanto a “educação ambiental”, tomou outros rumos. Se vê milhares de turistas consumidores de lugares ecológicos profanando lugares sagrados, escalando montanhas sagradas, mergulhando em cavernas sagradas sem levar em consideração aqueles que sofrem à distância, no silêncio de sua exclusão – o que pensarão os guaranis da exploração sem-espírito das “Cataratas”? Vejamos alguns exemplos que apontam para futuras discussões e mudanças de rumo.
No ano 2000, uma equipe de alpinistas espanhóis pediu permissão a China, para escalar o Monte Kailash, no Tibete. Na justificativa do projeto, os alpinistas disseram que a escalada ajudaria na preservação do meio ambiente do Monte Kailash. Budistas, hindus, jainistas, bön além de esotéricos ocidentais e gente da nova mentalidade, protestaram contra a China. O Dalai Lama, em pessoa, enviou uma carta aos alpinistas do mundo pedindo que respeitassem o Monte Kailash. E disse que uma “idéia vaga e ligeira de uma preservação ecológica” não justificaria profanar uma montanha sagrada para bilhões de pessoas. Organizações de ecoturismo, turismo aventura e alpinistas escutaram o apelo do Dalai Lama. Propuseram um boicote às organizações que insistissem em escalar o Monte Kailash.
Hoje, os sites na internet mantidos por agências de viagem, clubes de alpinismo e pela indústria de equipamentos de alpinismo avisam a seus clientes que o Monte Kailash está fechado para a exploração, na maneira esportiva, por ser considerado um Lugar Sagrado para quatro grandes religiões que envolvem metade da população da terra. O chacra coronário do planeta, está a salvo. Sua sacralidade está respeitada ou em outras palavras reinvidicada, revalidada.
Outro exemplo: um grupo de jornalistas e esportistas acabava de chegar na Austrália. A meta do grupo era escalar o Monte Uluro – um dos sete chacras do Planeta e Lugar Sagrado para os anangas (aborígenes) da Austrália. Depois de passarem um dia fotografando, os “expedicionários” se levantaram de madrugada para fazer a escalada. O repórter escreveu que quando chegou no local, o motorista do ônibus disse ao grupo: “É minha obrigação informar a vocês que os Anangas prefeririam que vocês respeitassem[1] o significado cultural de Ulluro e não o escalassem”. A mensagem caiu como uma bomba mas o motorista continuou, diz a reportagem:
“Quando os Anangas olham para a terra e as formações e as coisas que vivem nela, eles vêem evidência visível de que seres ancestrais ainda existem por aqui”, a partir daí, o motorista-guia, deu um curso de visão de mundo do povo de Ulluro. E o propósito da expedição mudou. Não escalaram a Montanha Sagrada. Mas exploraram toda a área sob a orientação do moto-guia e tiveram encontros com os habitantes locais que apreciaram a deferência.
Há muito que se pode fazer em um Lugar sagrado sem arriscar-se a ofender o espírito do local. Há muito mais oportunidades ao “respeitar”, do que há ao fazer o contrário. O lema da excursão após o esclarecimento do motorista australiano passou a ser: “Viemos, vimos e não vencemos” – mas saíram tão contentes da experiência que escreveram uma grande reportagem contando a experiência. Deixamos-lhe o convite: descubra o mundo com toda a sua diversidade e isso inclui as diversidades de visões.
É responsabilidade das comunidades locais instruir os visitantes sobre a sacralidade local. Pelo contrário, o Lago Titicaca será só um corpo de água – de onde se pode bombear água que é só água, para a matar a sede de gente que é só gente. E as Cataratas serão feitas somente de água que pode ser desviada, manipulada. E o Planeta se reduzirá a um lugar de onde se pode extrair recursos. A vida humana será somente bucha de canhão cujo único propósito divino é o consumo e produção de bens e serviços. Não permitir que o mundo seja reduzido a esta visão única deve ser nossa tarefa como seres inteligentes. Muito amor.
[1] Ver no próximo capítulo o significado da palavra “respeito”.
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