terça-feira, janeiro 02, 2007

Capítulo Sete

Titicaca – o umbigo do Mundo



O Lago Titicaca, entre a Bolívia e o Peru é o Chacra umbilical do Planeta. É o Svaddhistana. O chacra do umbigo, a morada-do-si-mesmo de Gaia. Aí vemos a sabedoria dos incas quando chamaram a sua capital de Cuzco – que significa “umbigo” no idioma Quíchua. Todos nós temos uma relação impressionante com o umbigo. Fomos alimentados através do cordão umbilical até nosso nascimento. E aqui nascimento significa nossa transferência de nosso primeiro meio ambiente ou o entorno uterino para o ambiente de Gaia.

O Lago Titicaca, como todos os lugares sagrados possuem alguma coisa de misteriosa. As lendas, os mitos passados de geração em geração, contam da existência de uma cidade no fundo do Lago. Paititi é o nome desta cidade de cristal eterna e etérea. As lendas contam também que Paititi vai ressurgir no final desta Pachakuti. Pachakuti é uma medida de tempo inca que equivale à metade de um inti. Um Inti – que também significa sol – dura mil anos. Assim uma Pachakuti representa 500 anos.

Nós estamos entrando, ou para entrar, na décima Pachakuti que é a época em que tudo deve ressurgir. Durante os 500 anos do oitavo Pachakuti – conta a tradição, reinou Pachacuteq, o grande líder espiritual inca que construiu Machu Picchu. Foi um período de muita luz. O império expandiu e houve tranqüilidade. Mas no nono Pachakuti, veio a tristeza na forma de espanhóis e com eles um lado muito escuro para a existência humana. As palavras de ordem da nona Pacahkuti foram e são dominação, extermínio, exploração, escravidão, destruição, exclusão e outros males que todos conhecemos.

Por ser o Cuzco (umbigo) do mundo, as populações do Lago Titicaca consideram-se o povo mais velho do Planeta. E consideram o seu lago como o Ventre da Terra. Foi do Titicaca que saíram os pais-sem-umbigo. Ser “sem umbigo” na linguagem dos nativos de todo o mundo significa não ter nascido. Para os guaranis, sem umbigo foram os quatro casais que deram origem à raça humana. Para os incas os sem umbigo foram o casal M'anko Qapak e Mama Oqllo – que saíram do fundo do Lago Titicaca para dar origem aos incas.

Porém o Lago Titicaca não esgota os Lugares Sagrados venerados na região. No Lago estão a Ilha do Sol, a Ilha da Lua e nele, ou na redondeza, ainda encontramos antigas e elaboradas construções pré-incas como Tiwanaku, a Porta do Sol, Kalasasaya, a Pirâmide de Akapana, Putuni, as pirâmides de Puma Punku, Suriqui e Kalahuta. Todas, parte de um cordão imensos de lugares sagrados ou chacras auxiliares que se irradiam para a Argentina, Chile e o Peru, na região de Machu Picchu, do Vale Sagrado dos Incas e além. Toda a costa peruana está pontilhada de lugares sagrados de várias outras culturas. A corrente segue pelo Equador, Colômbia – onde estão as ruínas de Tierradentro, outros lagos sagrados, até as ruínas de uma “Cidade Pedida” aos pés da Serra Nevada de Santa Marta, no Caribe – terra dos índios Koguis. Este um belo encontro de um pico nevado com o mar azul. A cruel ocupação da civilização européia não conseguiu acabar com a espiritualidade ligada à Pachamama (Mãe Terra) que desde o Titicaca continua irradiando em todas as direções, como este livro vem ser uma prova.

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