As Atitudes
Este livro foi escrito com a intenção de trazer para os leitores, as idéias básicas, ou os princípios básicos por trás daquela atitude humana de nomear lugares específicos da Terra como Lugares Sagrados. Desde que a civilização começou – seja ela budista, hindu, xintoísta, oriental, ocidental, mesopotâmica, cristã, islâmica, judia, guarani, iaualapiti, inca ou qualquer outra – a idéia ou conceito de Lugar Sagrado está presente. Ainda bem que é assim.
A outra atitude é a materialista – fruto da “civilização” científica para a qual nada é sagrado. Tudo é explicável. Os rios, a água, as montanhas, o sub-solo, não passam de “recursos” – uns renováveis, outros não-renováveis. Até “gente” é um recurso. Desta vez, sob a etiqueta de “recursos humanos”. É fruto de uma visão de universo chamada “mecanicista”. Na qual tudo não passa de máquinas. Esta idéia dominou o mundo ocidental nos últimos 200 anos. Mas já começa a dar sinais de estar perdendo forças. A conseqüência dela, é sentida em todos os aspectos da vida. Desde a destruição do planeta, à crise econômica, institucional, espiritual, familiar e pessoal dos dias de hoje. Nos ocuparemos disto nos capítulos 18,19 e 20.
A missão deste livro é apresentar as Cataratas do Iguaçu, um lugar de valores paisagístico, estético, ético, espiritual e místico excepcionais, como um dos Lugares Sagrados, ou Lugares de Poder do Planeta. Devemos isso ao povo Avá – conhecido pelo mundo com o nome de Guarani. Para eles, as Cataratas do Iguaçu são um Lugar de Poder, um lugar onde podemos potencializar os nossos poderes. É também um lugar de “mandu’á” (lembranças). Porém as Cataratas do Iguaçu não estão sozinhas. Não são um acidente isolado. Integram, isso sim, uma grande família de Lugares Sagrados, que forma uma gigantesca teia (ñandutí) que cobre o Planeta. Um reconhecimento desta excepcionalidade, na versão moderna, é dado pelo título de Patrimônio Natural Mundial, conferido pela Unesco aos dois parques nacionais Iguaçu/Iguazú (Brasil/Argentina), que protegem as Cataratas e seu sistema vital.
Um dos reconhecimentos deste livro, sobre os Lugares Sagrados é que a grande maioria deles foi descoberta, consagrada, validada pelos primeiros habitantes de nossos países de recente história. São aqueles habitantes que os europeus cristãos encontraram quando desembarcaram de suas caravelas ou navios nas praias de todos os continentes e ilhas do mar. Os chamados aborígens da Austrália, os Maoris da Nova Zelândia, os índios da América do Norte, Central e do Sul, as nações africanas, povos de todas as ilhas e até povos europeus anteriores à cristianização.
Até o governo dos Estados Unidos, reconhece os Lugares Sagrados dos povos nativos daquele país. Os lugares encontrados em Parques Nacionais e outras terras federais. O reconhecimento veio com a Ordem Executiva assinada pelo presidente Bill Clinton, em 5 de maio de 1996. A ordem instrui as autoridades federais a facilitarem o acesso dos índios, cooperarem, colaborarem e, se necessário manterem secreta a existência desses lugares. Eis uma primeira sugestão, neste livro, de um belo exemplo a ser seguido pelos governos do Mercosul. Transcrevemos a interpretação de Lugar Sagrado segundo a Ordem Executiva:
"Lugar Sagrado" significa qualquer localização específica em terra Federal, discreta, estritamente delineada tal como identificada por uma tribo indígena, ou índio individual que seja uma autoridade apropriadamente representativa de uma religião indígena, como sagrado em virtude de seu significado religioso para, ou uso cerimonial de, uma religião indígena desde que a tribo ou autoridade apropriadamente representativa de uma religião tenha informado a Agência da existência de tal lugar”.
Além dos lugares sagrados tal como a Ordem Executiva reconhece, existem milhares de outros consagrados pelas grandes religiões ou tradições mundiais. Outros ainda, foram consagrados pela rede mundial de movimentos esotéricos, da nova mentalidade, que em seu poder de síntese e sincretismo adota a todos os Lugares Sagrados sem importar se são sagrados para uma tribo localizada na Patagônia ou Amazônia; se é a Catedral Católica de Colônia, Alemanha ou a Catedral de Nossa Senhora Aparecida no Brasil, a Grande Pirâmide do Egito ou Meca, na Arábia Saudita. É apropriado destacar aqui que a palavra esotérica significa simplesmente “algo que é conhecido por poucos”. Quando as coisas esotéricas começam a ser divulgadas, elas passam a ser “exotéricas” – disponíveis àqueles que estão fora do círculo fechado.
Esta rede mundial de Lugares Sagrados é tão grande que pouco sobra de não sagrado na Terra. E todos esses Lugares e seus povos estão conectados. Mas se a rede de Lugares Sagrados do mundo está conectada, como acontece essa ligação? Como os lugares sagrados se comunicam? Quais são eles? É sobre isso que vamos tratar a partir do capítulo três. Primeiro, vamos conhecer a visão de mundo dos guaranis, o nome era simplesmente Y-Guaçu e não se fazia a diferença entre Y-Guaçu, o rio e Y-Guaçu as Cataratas. As Cataratas e o rio. A mesma coisa.
E ao tratarmos de nomes, é apropriado dizer, aqui e agora, que Fonte da Neblina Criativa não é a proposta de um novo nome. Não é a sugestão de um novo nome a ser usado nos mapas, ou na literatura de divulgação turística. Fonte da Neblina Criativa é uma “certa” realidade. É um nome somente para aqueles que vêem ali a Neblina Criativa. Se alguém não vê nada ali, então para este, não há neblina, o que significa que este nome não é para seu uso.
Nesta abordagem que reafirma e reivindica o sagrado na Poderosa Fonte da Neblina Criativa, este livro propõe que retiremos de nossos corações a maioria desses nomes ou “formas energéticas sonoras” ultrapassadas dados a um dos lugares mais belos e poderosos do Planeta. Propomos a “aposentadoria” honrosa para a maioria dos nomes de pessoas que aparecem na lista como nomes dos “saltos” fragmentados das Águas Grandes (Y-Guaçu). Especialmente daqueles que mereceram chegar ali graças a seu papéis em guerras e revoluções e outras ações que representam o domínio do aspecto “machista institucionalizado” da civilização que nos levou à fragmentação do mundo nos últimos 500 anos. Esses nomes não são apropriados para o uso dos Neblineiros – os buscadores da Neblina Criativa no Planeta.
Há certa urgência, contudo, de promover a aposentadoria do cidadão imaginário e arquetípico que empresta o nome ao maior dos “saltos”. O senhor Diabo, emprestou o nome ao maior dos “Saltos” aquele que hoje é conhecido como “A Garganta do Diabo”. Os índios guaranis, os donos das Cataratas e filhos dos verdadeiros pais criados por Nhamandú, nunca pensariam em dar às Cataratas um Avás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário